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Chapter 1: epaaa

Ecos do Silêncio


O relógio marcava 2h17 quando o silêncio da casa finalmente se quebrou.

Clara despertou de um sono leve, como se algo — um estalo sutil ou talvez um sussurro que não deveria estar ali — a tivesse puxado de volta à superfície. O breu ao redor parecia mais denso do que o normal. Por instinto, ela esticou a mão ao lado da cama, mas encontrou apenas o lençol frio.

A ausência de som era tão completa que fazia barulho. O tic-tac do relógio, o vento nas janelas, os sons habituais da madrugada... nada.

Ela se sentou devagar, com o coração acelerando. Havia algo errado. Não necessariamente perigoso, mas diferente. Como se o mundo estivesse prendendo a respiração.

No corredor, uma luz fraca tremeluzia — uma lâmpada esquecida, talvez. Ou alguém acordado, esperando. A porta entreaberta deixava escapar um feixe amarelo que cortava o escuro como uma rachadura no tempo.

Ela se levantou.

Os pés descalços encontraram o chão frio. Cada passo em direção à porta parecia mais pesado que o anterior. A madeira rangeu sob seu peso, mas o som foi abafado, como se o ar estivesse espesso, filtrando até mesmo os ruídos mais comuns.

Ao atravessar o limiar, o silêncio se desfez — com um sussurro.

Era quase inaudível, vindo do fim do corredor. Três palavras, repetidas em um tom baixo demais para distinguir. Clara apertou os olhos, tentando focar. Aquela voz... ela conhecia.

Seguiu em frente. Com passos lentos, como se caminhasse dentro de um sonho antigo. O corredor parecia mais longo do que o normal. As paredes, mais estreitas.

Quando enfim alcançou a porta entreaberta no fim do corredor, hesitou. A mão pousada na maçaneta tremia.

Ela empurrou devagar.

O que viu ali dentro — não foi o que esperava.

Foi algo que ela já tinha visto antes. Algo que não devia mais existir.